Iniciantes e Críticas

domingo, 2 de novembro de 2014

Após realizar o artigo Iniciantes e Ética que apenas falou sobre como agir correctamente perante críticas, falo agora em maior profundidade sobre o assunto. Bibliografia: História E Cultura das Artes, Manual do 10º ano, Porto Editora.


O que é a crítica?

A crítica é um instrumento de avaliação objectivo e impessoal. Ela não é uma ofensa pessoal, nem tampouco uma forma de desmerecer a pessoa autora do trabalho ou o trabalho em si.
A crítica não é sobre o criador, mas sobre o que foi criado.

Para que serve a crítica?

O único propósito da crítica é fazer uma avaliação cuidada e impessoal do trabalho em causa, expondo as suas falhas e os seus acertos. Ela dar-nos á uma direcção a seguir em termos do que necessitamos melhorar, evitando que continuemos a investir tempo e esforço naquilo que já dominamos. Ela serve então, como uma avaliação do patamar artístico em que nos encontramos e também como um guia.

A crítica alheia

Quando somos criticados por outros ou vamos criticar o trabalho dos outros, este assunto complica-se. No entanto, existem formas de correctas de redigir uma crítica assim como de a aceitar (estas abordámos anteriormente.).

Porque devemos aceitar uma crítica?

Está certo que cada um escolhe que críticas deve ou não absorver, mas existe uma forma de separar o conteúdo: argumentos e exemplos. Se os argumentos forem explícitos e convincentes e não tivermos como os rebater, apenas podemos aceitarCríticas são essenciais ao crescimento artístico, e quem não as aceita nunca evoluirá. Elas ajudam a melhorar, independentemente do estilo de desenho ou foco do trabalho. Caso acharmos a crítica injusta ou infundada podemos sempre discordar; isto acontece quando a pessoa não tem informação suficiente para saber criticar ou o nosso ponto de vista pessoal é diferente.

Como criticar um trabalho?


(fig.1) Esquema com todos os aspectos a ter em conta ao dar uma crítica

A crítica compõe-se pela análise de todos os aspectos técnicos e critérios que compõem um bom trabalho. Sendo alguns dos aspectos e critérios auto-explicativos, irei abordar apenas os necessários.

 Em termos técnicos procura avaliar-se o rigor com que os materiais foram utilizados, assim como a capacidade técnica e de representação do artista. A análise que fazemos da obra deve ser então adaptada ao material. O seu conteúdo é a ideia ou imagem transmitida ao público e aquilo que ela é ou representa; ao passo que o tema pode ser inexistente. A obra pode também ter um significado real (um casal a abraçar-se; poderá significar amor, união, família) ou poderá ser apenas simbólico (um coração feito com as mãos).

Outros critérios como a comunicabilidade avaliam o desempenho do artista ao expressar a sua ideia através da obra, e a intencionalidade a sua pretensão com o trabalho final (se pretende chocar, comover ou irritar o público). O rigor estético avalia o quão bela é a obra final e deve ser adaptado ao estilo de representação escolhido (mangá, realista, cartoon, abstracto). Isto explica que não devemos criticar um desenho cartoon como se fosse um desenho realista, e vice-versa.  A mensagem será o conteúdo final que podemos extrair da obra, e em suma aquilo que o artista quis que absorvêssemos.

Como criticar um trabalho estilizado?

Esta é uma tarefa mais difícil, já que há que ter em conta os limites do próprio estilo quanto ao realismo, e o próprio estilo do autor. Existe a tendência para iniciantes se desculparem com o seu estilo de modo a não aceitarem erros de anatomia ou composição, mas o estilo não deve ser visto como uma regra a seguir mas sim um espectro. Estilos são apenas variações de traço tendo como base o real, sendo a sua compreensão necessária para conseguirmos construir um estilo pessoal único,  fácil de identificar e interessante. Uma forma fácil de identificar se algo está errado num desenho estilizado, é se não está harmonioso no desenho. Um desenho estilizado é como uma música, se uma nota soa mais alta que as restantes a harmonia perde-se; os sujeitos ou objectos retratados no próprio estilo têm de se encaixar. 

A auto-critica

Este é um enorme recurso que deve sempre ser posto em prática mas de uma forma correcta. Uma auto-crítica destrutiva trará abaixo a nossa auto-estima, enquanto que o oposto nos tornará egocêntricos e incapazes de melhorar por não vermos as nossas falhas.
Devemos então, fazer uma crítica justa e impessoal, olhar para o trabalho como se não fosse nosso e avaliá-lo segundo o diagrama na (fig.1).
A auto-crítica é também um óptimo guia a indicar-nos o que necessitamos melhorar ou rever e devemos constantemente investir nestes pontos até notarmos que os dominamos.

Considerações finais

Espero que o artigo vos tenha sido útil e vos ajude a redigir críticas mais cuidadas e úteis. Lembrem-se também que a crítica também depende muito do vosso conhecimento sobre arte e do vosso nível de desenho, e que se estão num patamar mais alto aceitar críticas de iniciantes não será uma grande ajuda e poderá até atrasar-vos no vosso processo. Devem sempre considerar os argumentos dados e avaliá-los, para poderem rebatê-los ou aceitá-los. Estejam sempre conscientes do vosso patamar artístico e sejam modestos quanto ao vosso trabalho. 
Até ao próximo post :)



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